terça-feira, 13 de março de 2012

Não devemos nada ao feminismo, diz jovem filósofa

Não trouxeram a liberdade

Na coluna “Tendências / Debates”, da Folha de S. Paulo (08.03.12), a jovem filósofa especialista em Renascença e mestre em ciências da religião pela PUC-SP Talyta Carvalho defendeu verdades que poucos tem a coragem de afirmar em alto e bom som.

Eis alguns tópicos de seu corajoso e clarividente artigo:

O ponto da discussão é: em que medida a consequência do feminismo, para a mulher contemporânea, foi o estrangulamento da liberdade de escolha?

Explico-me.

Por muito tempo, as feministas reivindicaram a posição de luta pelos direitos da mulher, exceto se esse direito for o direito de uma mulher não ser feminista.

Ilude-se quem pensa que na academia há um ambiente propício à liberdade de pensamento.

Como mulher e intelectual, posso afirmar sem pestanejar: nunca precisei “lutar” contra meus colegas para ser ouvida, muito pelo contrário.

A batalha mesmo é contra as colegas mulheres, intolerantes a qualquer outra mulher que pense diferente ou que não faça da “questão de gênero” uma bandeira.

Não ser feminista é heresia imperdoável, e a herege deve ser silenciada.

Outro direito que a mulher do século 21 não tem, graças ao feminismo, é o direito de não trabalhar e escolher ficar em casa e cuidar dos filhos — recomendo, sobre a questão, os livros Feminist Fantasies, de Phyllis Schlaffly, e Domestic Tranquility, de F. Carolyn Graglia.

O direito a ser feminina: um grande esquecido.
A rainha Maria Antonieta recebe flores de uma camponesa.
Joseph-Marie Caraud (1821-1905)
Na esfera econômica, é inviável para boa parte das famílias que a esposa não trabalhe.

Na esfera social, é um constrangimento garantido quando perguntam “qual a sua ocupação?”.

A resposta “sou só dona de casa e mãe” já revela o alto custo sóciopsicológico de uma escolha diferente daquela que as feministas fizeram por todas as mulheres que viriam depois delas.

O erro do feminismo foi reivindicar falar por todas, quando na verdade falava apenas por algumas.

A nova geração deve debater esses dogmas modernos sem medo de fazer perguntas difíceis.

De minha parte, afirmo: não devo nada ao feminismo.


8 comentários:

  1. Talita, sou médico aqui em Porto Alegre. Dá gosto de ler o teu texto..Tenho duas irmãs e elas pensam como tu..Para falar a verdade, têm inclusive raiva das feministas e afirmam que elas mais criam problemas para as outras mulheres do que qualqer outra coisa.

    Bj

    Milton Pires - POA

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  2. Olá,boa noite!
    Meu nome é Nadja,sou dona de casa e mãe de 5 lindos filhos.Concordo plenamente com a Talyta Carvalho,hoje já falo com mais segurança e auto-confiança que sou dona de casa;mas,já me senti muito pequena em conversas com mulheres que trabalham fora.Mas afirmo que em comparação dos meus filhos com os de muitas delas,há muita diferença,no comportamento deles,na auto-confiança,nos relacionamentos com outras pessoas e em outros pontos.

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  3. Para mim, Talyta deve muito ao feminismo. Embora devamos reconhecer que ele tenha suas vertentes radicais e seus exageros, o feminismo garantiu à mulher diversos direitos de igualdade. Não deve nada ao feminismo? Não fosse o movimento de mulheres, Talyta nem teria feito faculdade - quanto mais escrever um artigo em um jornal...

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    1. Verdade, João. Não sei como uma moça que estudou tanto pode ser tão ignorante.

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  4. vc deve, sim, querida, vc deve seu diploma, sua liberdade de escolha, sua visibilidade como ser humano, dá vergonha alheia ler seu texto. Acho que antes de falar bobagem é bom contextualizar as coisas. Sou feminista e não vejo nenhum problema em uma mulher querer cuidar da casa ou dos filhos (aliais, penso que se eu tiver filhos, vou querer passar muito tempo com eles), mas vejo problema quando somos condicionadas à isso, quando não temos escolha e temos que ter sozinhas essa carga de trabalhos domésticos, quando somos submetidas a ser sustentadas por homens agressivos. Penso que todos querem ser livres e todos querem ter direitos (direito de estudar, trabalhar, andar sozinha, casar quando e com quem quiser, ter filhos se quiser), mas isso só são direitos não obrigações, qualquer um pode abdicar deles (e como vc estudou, sei que vc não abdicou, não é?) eu digo, sim, as feministas falam por todas! - no seu meio acadêmico de classe média pode ser meio difícil de enxergar esse tipo de coisa mas eu sugiro, "filósofa", que vc procure saber melhor as consequências do machismo na vida das mulheres (que são agredidas, humilhadas, ganham menos...) antes de sair por ai propagando besteiras.

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  5. Como assim você não deve nada ao feminismo, darling?
    Se não fosse a luta das mulheres - por anos - quem sabe você nem nascida estaria! Quanto mais escrevendo este artigo ridículo sobre nós feministas.
    Se não fosse o feminismo, você e muitas outras mulheres, hoje não votariam, hoje não ganhariam um salário (não adequado pois ainda há diferenças), hoje não teria feito USP, muito menos hoje, você seria ''filósofa''.
    Você deve muito a luta das mulheres, e você deve também, procurar entender melhor as causas, quem sabe ler um livro digno da época?
    E acho ótimo você nunca ter precisado ''lutar'' para ter seus direitos, por que seus direitos NÓS FEMINISTAS conquistamos, por que você não é a mulher pobre negra que sofre diariamente. não é?
    Passar bem...

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  6. Detalhe é que quem liberou o voto feminino no Brasil foi Vargas , alguem que tambem nao devia compactuar muito com feminismo... Huahuahua. Enfim que texto legal , o mundo precisa de verdadeiras defensoras da mulher como Talyta.
    Difere muuito desse movimento de interesses politicos oportunista que usa as mulheres como massa de manobra e pretexto para seus fins.

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    1. haha.. é piada né??
      Então por que os direitos trabalhistas e o direito ao voto foi garantido durante a o governo do ditador Vargas eles não foram conquistados por trabalhadores e mulheres?? Você acha mesmo que o seu querido ídolo teria "dado" esses direitos não fossem as lutas desses movimentos?? acha mesmo??? então tu é uma anta!

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