terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Olhar retrospectivo de 2014:
“Maio de 68 conservador” cresceu no mundo

Em Paris, juventude contra o 'casamento' homossexual
Em Paris, juventude contra o 'casamento' homossexual


(Excertos de “2014: Na orla da III Guerra Mundial?” publicado na revista CATOLICISMO, janeiro de 2015, http://catolicismo.com.br/)

Em 2014 nem tudo foi mal. Sob certos pontos de vista o ano trouxe sinais esperançosos.

Enquanto a degringolada pelas vias do caos desagregava o mundo e a subversão eclesiástica avançava e dividia a Igreja Católica, a estratégia militar russa — apoiada pelas esquerdas dos respectivos países e por algumas direitas equivocadas por um falso nacionalismo — empurrava o mundo para a orla da III Guerra Mundial.

Porém, definiu-se também uma tendência visceralmente oposta, com anelos de hierarquia, ordem, família tradicional e honestidade.

França — Exemplo típico disso tomou corpo na França, onde se tornou comum assistir cenas em que o presidente Hollande e seus ministros são vituperados por pequenas, médias e imensas manifestações contra a Revolução sexual e o sectarismo ideológico socialista.



Em janeiro, mais de 40.000 franceses compareceram a uma manifestação contra o aborto em Paris (Terra.com.br, 19-1-14).

Em outubro, mais de meio milhão protestou na capital francesa e em Bordeaux contra a atuação imoral do governo, o “aluguel de ventres”, a inseminação artificial em “casais” de lésbicas, a “ideologia de gênero”, o ensino socialista sobre a família nas escolas, e o “casamento” homossexual (El País, 5-10-14).

Multidões em Paris pelo casamento tradicional
Multidões em Paris pelo casamento tradicional
Quando o ex-presidente Nicolas Sarkozy propôs em seu partido reformar a lei de “casamento” homossexual, foi esmagado pelas vaias. Os presentes exigiram aos brados a abrogação pura e simples da odiada lei.

Nas eleições municipais de março, o Front National (FN) progrediu bastante. E em 25 de maio, num escrutínio para o Parlamento Europeu, o mesmo FN foi o partido mais votado na França (Le Figaro, 25-5-14).

A vitória da “extrema direita” foi inconteste em toda a Europa. Na Grã-Bretanha, o partido UKIP, contrário à União Europeia, obteve o primeiro lugar com 29% dos votos.

Na Dinamarca e nos Países Baixos, na Polônia e na Áustria, a ascensão marcante dos que resistem ao desfazimento de seus países pelo centralismo abusivo da União Europeia, que não aprovam uma imigração imprudente e a invasão de Europa pelo Islã abalou o establishment político-midiático (O Estado de S.Paulo, 25-5-14).

O vaticanista Jean-Paul Guénois constatou que os bispos franceses, após terem perdido no passado sua influência sobre o operariado — que propende agora para o Front National — perde hoje a juventude.

A juventude se afasta das vias esquerdizantes e se engaja em prol da família, mediante atitudes de “direita” e até de “extrema direita”, congregando-se em torno de movimentos como a Manif pour tous (Figaro Magazine, 18-4-14).

Segundo o sociólogo socialista francês Gaël Brustier, está em curso um “Maio de 68 conservador”, o qual torna obsoleto o discurso das esquerdas.

Brustier definiu o fenômeno como um “conservadorismo renovado”, engajado “num verdadeiro combate cultural”, que não responde a nenhum esquema sócio-político-religioso pré-existente, que contesta as tendências igualitárias e sensuais que predominaram no último meio século à sombra do Concílio Vaticano II e da revolução anárquica de Maio de 68 na Sorbonne (La Croix, 6-11-14).

Como todo ano: imensa manifestação pela vida em Washington DC
Como todo ano: imensa manifestação pela vida em Washington DC
Suíça — um referendo popular aprovou limitar a imigração desconsiderada, inclusive de europeus, e obrigou o governo a renegociar os acordos com a UE sobre a livre circulação de pessoas que servem como instrumentos desses abusos.

A preocupação é causada pelo aumento da criminalidade e com os problemas econômicos ligados à presença de estrangeiros, que perfazem quase um quarto da população (Folha de S.Paulo, 10-2-14).

“A Suíça mete medo na Europa”, comentou o jornalista Gilles Lapouge, pois a votação suíça prenunciou decisões similares no continente contra a ideia de uma república universal e contra a imigração, sobretudo a muçulmana.

A Suíça pragmática e pacífica privilegiou as ideias, a identidade nacional e a moral social (O Estado de S.Paulo, 12-2-14).

Na mesma ocasião, o povo suíço recusou o financiamento do aborto pelo sistema público de saúde, atendendo ao convite de movimentos pela vida (Settimo Cielo, 18-2-14).

Escócia — Em 18 de outubro, através de plebiscito, a Escócia decidiu continuar unida à Grã-Bretanha. Na Catalunha, em Flandres, na Córsega, na região norte da Itália, e até no leste da Ucrânia e no Texas, por exemplo, imaginava-se que prevaleceria o voto separatista, o qual daria ensejo a dilacerações análogas nesses lugares.

Escócia recusou o perigoso separatismo e reafirmou suas tradições sociais e familiares
Escócia recusou o perigoso separatismo e reafirmou suas tradições sociais e familiares
A mídia e os púlpitos das igrejas pregaram uma secessão que abalaria um dos países mais conservadores da Europa e o maior aliado dos EUA, colocando a nova Escócia de joelhos diante da União Europeia.

Contudo, apesar de historicamente tem enfrentado os ingleses, o povo escocês optou pelo bom senso e manteve a união (Folha de S.Paulo, 19-9-4).

A rainha Elizabete II, que em qualquer hipótese teria continuado rainha da Escócia, manifestou satisfação quando foi informada sobre o resultado do plebiscito pelo primeiro-ministro David Cameron.

A influente nobreza escocesa, embora tenha dado outrora sua vida nos campos de batalha pela independência da Escócia, comemorou o resultado, pois, do contrário, ter-se-ia instalado ali um governo antinobiliárquico e partidário de uma reforma agrária socialista e confiscatória.

Surtos análogos de ressurreição católica ocorreram ao longo do ano em países e contextos diferentes.

China — Na imensa rede social chinesa Weibo, semelhante ao Twitter, Jesus passou a ser mais procurado do que o onipotente secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping; a palavra Bíblia rendia em abril mais de 17 milhões de respostas, enquanto o Livro Vermelho de Mao tsé-Tung, fundador do comunismo chinês, não alcançava 60 mil.

Na China, Jesus é muito mais procurado que os ditadores comunistas
Na China, Jesus é muito mais procurado que os ditadores comunistas
Se o termo “congregação cristã” rendia 41,8 milhões de endereços, a sigla “PC” só obtinha 5,3 milhões (O Estado de S.Paulo, 11-4-14).

A perspectiva estatística é de que por volta de 2030 o mais numeroso bloco de cristãos do mundo seja o chinês.

Amedrontada, a ditadura comunista ordenou uma “limpeza” visual de igrejas e de cruzes, desencadeando para isso uma violenta campanha que vem sendo respondida a altura pelos fiéis, colocando assim à prova as forças policiais e militares.


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