Antigo mosteiro à venda em Gacé, Orne, França |
Conforme pesquisa do instituto galo Ifop, apenas 4,5% dos franceses vão à igreja todos os domingos e somente 15% a frequentam pelo menos uma vez por mês.
Imbuídas da ideia de “inserir a Igreja no mundo”, em vez de diante de tamanha queda promoverem o retorno à verdadeira prática religiosa, as dioceses francesas aceleram, pelo contrário, a venda de igrejas e de outros prédios religiosos católicos como conventos, seminários e escolas, noticiou a BBC Brasil.
Veja demolição da igreja de Abbeville, França, abril 2013 |
“As dioceses estão em uma situação financeira crítica, com cada vez menos fiéis”, explicou Maxime Cumunel, do Observatório do Patrimônio Religioso, entidade civil que tenta preservar essa herança histórica religiosa.
O corretor imobiliário Patrice Besse, especializado na venda de propriedades religiosas, explica que “antes as dioceses se sentiam incomodadas em vender suas igrejas. Afinal, elas foram construídas com o dinheiro de doações. Agora há uma necessidade econômica. É preciso vender algumas para salvar outras”.
Demolição da igreja de Abbeville,
diocese de Amiens, Picardia, França, abril 2013
diocese de Amiens, Picardia, França, abril 2013
“Há cada vez menos fiéis e menos doações. O fenômeno de venda de igrejas está aumentando”, disse Besse.
A corretora de Patrice Besse dispõe de seis igrejas à venda, com preços entre € 50 mil e € 500 mil euros (aproximadamente entre R$ 130 mil e R$ 1,3 milhão), muito pouco dinheiro se comparado ao dos imóveis residenciais.
Capela do século XII transformada em moradia. Fronsac, Gironda, França |
“A manutenção custa caro, e muitas paróquias preferem vender seus bens para não ter de arcar com despesas de obras”, afirma o corretor.
É o caso de uma capela na região de Bordeaux, no sudoeste da França. A diocese local explica em seu site que a mesma está fechada por razões de segurança desde julho de 2011.
As obras necessárias são estimadas em € 400 mil, preço frequentemente gasto por milhares de franceses na restauração de propriedades históricas.
Uma igreja vendida no ano passado na pequena cidade de Vandoeuvre-les-Nancy, no leste da França, tornar-se-á um centro comercial. “Só uma centena frequentava a igreja, que tem capacidade para mais de 700 pessoas”, justificou a diocese de Nancy, que obteve € 1,3 milhão com a venda.
Este exemplo toca num ponto muito sensível. Desanimados com a desordem no clero, os católicos temem muito que vários desses templos abandonados possam ser comprados com dinheiro vindo de países islâmicos e se tornarem mesquitas muçulmanas.
Ex-Carmelo à venda, Macon, França |
O temor é acrescido pela frequente recusa das dioceses em ceder suas igrejas abandonadas para uso dos fiéis que nelas fariam celebrar a Missa no rito extraordinário aprovado pela Santa Sé.
Esses fiéis se dispõem a arcar com os custos da restauração e manutenção, mas suas propostas são recusadas pelos bispos diocesanos “progressistas”, obrigando os fiéis a apelar a Roma.
Segundo Benoît de Sagazan, do Observatório do Patrimônio Religioso e detentor de um blog sobre o tema, no mês de fevereiro de 2013 havia 43 igrejas e capelas à venda na França.
A descristianização da “filha primogênita da Igreja” avança como consequência da revolução interna dentro do clero e do laicato católico, por vezes mal disfarçada sob o slogan "Igreja dos pobres" ou "para os pobres".
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