O interior russo se desertifica |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A imoralidade reinante na Rússia, malgrado os esforços da propaganda putinista e cismática para ocultá-la, está jogando o país numa espiral de morte demográfica.
A má notícia é preocupante para os países vizinhos, porque o ditador do Kremlin pode estar em busca de conquistas militares para preencher o vazio populacional.
O número de mortes ultrapassa o de nascimentos quase todo ano e não só pela invasão da Ucrânia que fez até o momento uma cifra aproximada de 200.000 mortos, desaparecidos ou prisioneiros sem contar algumas centenas de milhares de feridos ou inabilitados, estimou o “Estado de S.Paulo”.
O campo fica sem trabalhadores |
Na imoralidade soviética, a população russa vinha parando de crescer, mas não ao ritmo atual.
A população atingiu seu pico em 1993, com 148,6 milhões.
No início de 2022, havia estimados 145,6 milhões de habitantes, ou seja, um declínio de 2%, enquanto que a população dos EUA cresceu 33% no período equivalente que vai de 1990 a 2020.
A expectativa de vida dos russos, segundo o Banco Mundial é de 71 anos; nos EUA é de 77. Entre homens: nos EUA, a expectativa de vida é de 75 anos; na Rússia, é de 66 atribuída ao abuso do álcool e da droga.
A população vai rareando |
Segundo Nicholas Eberstadt, pesquisador do American Enterprise Institute, a taxa de nascimentos na Rússia é de apenas 1,5 filho a cada mulher — bem abaixo do nível de reposição (dois filhos por mulher).
Na Rússia o sistema de saúde pública é terrível, e seus níveis extremo de alcoolismos e drogas são sinais de desespero.
Durante a pandemia de covid-19, entre 2020 e 2023, o verdadeiro número de mortes teria ficado entre 1,2 milhão a 1,6 milhão, segundo The Economist, superando os EUA cuja população é mais de duas vezes maior.
“O índice-médio de mortes de soldados russos mensalmente é pelo menos 25 vezes maior do que o índice de mortos por mês na guerra da Chechênia e 35 vezes maior do que o índice de mortos no combate em Afeganistão”, relata o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais.
Assim a Rússia deverá ter 135 milhões de habitantes até 2050 e 126 milhões até 2100.
Os jovens abandonam o interior e correm para Moscou e São Petersburgo |
Os dias da Rússia enquanto grande potência estão demograficamente contados pela imoralidade do reinado de Vladimir Putin.
Putin chegou a afirmar que a Rússia poderia ter uma população de 500 milhões não fosse a dissolução, em 1991, da União Soviética, que ele qualificou como “a maior catástrofe geopolítica do século”.
Sua invasão à Ucrânia pode ser considerada um estratagema para aumentar a população russa à força.
O fato ter sequestrado pelo menos 11 mil crianças ucranianas parece especialmente sinistro sob essa luz.
Stephen Sestanovich, ex-embaixador americano nas repúblicas soviéticas considera que Putin está agitado por “um delírio febril de declínio”.
A população que fica no interior está empobrecida, foto em Kamchatka |
Putin tentou mobilizar 300 mil soldados em 2022 mas precisa de outros 400 mil combatentes para continuar infligindo grande sofrimento ao povo da Ucrânia.
Portanto, há pouca esperança de que o “loop demográfico apocalíptico” evite que Putin se torne mais desesperado e perigoso.
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